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Refluxo Gastroesofágico

  • Foto do escritor: Dra. Marta Almeida
    Dra. Marta Almeida
  • 14 de dez. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de jan. de 2020




Uma das patologias mais comuns a nível da população ocidental é o Refluxo Gastroesofágico, este define-se como sendo a subida de ácido do conteúdo gástrico para o esófago com alguma frequência(1), levando consequentemente a sintomas, vulgarmente relatados como, azia, regurgitação ácida (subida dos alimentos e ácidos para a boca), desconforto no peito, tosse seca ou garganta irritada(2).

Existem alguns factores de risco que condicionam o aparecimento desta patologia nomeadamente:

  • Ingestão abusiva de álcool;

  • Hérnia do Hiato;

  • Obesidade;

  • Gravidez;

  • Alimentos excessivamente ácidos e/ou gordurosos;

  • Tabaco;

  • Deitar-se logo após refeições(2)(3).

Infecção por Helicobacter pylori

Hoje em dia, ouve-se falar bastante da infecção provocada pela H. Pylori a nível gástrico. Foi realizada uma análise à prevalência global da infecção por H. Pylori, e concluiu-se que mais de metade da população a nível mundial estava infectada pela mesma, no entanto houve uma melhoria da epidemiologia dada a evolução das

condições básicas de vida, como o saneamento e devido aos métodos terapêuticos de erradicação da bactéria(4). A presença desta infecção encontra-se mais ligada a úlceras gástricas e duodenais, já no caso da dispepsia (má digestão) ou no refluxo, a ligação não assume tanta relevância(5).

Tratamento

O tratamento farmacológico mais comum para o refluxo tem como objectivo diminuir a acidez a nível do estômago, falamos então dos antiácidos, tomados em situações ligeiras e agudas(2).

No caso de situações persistentes é comum haver prescrições médicas de outros grupos terapêuticos como Inibidores da Bomba de Protões (como: Omeprazol, Esomeprazol) ou Antagonistas do receptor H2 (como Ranitidina)(6).

Novas abordagens e Investigação

Existem alguns estudos em animais que apontam ainda para uma ligação do microbioma (conjunto de microrganismos que habitam no organismo)(7) intestinal, quando alterado, ao aparecimento de doenças neurodegenatrivas, como doença de Parkinson(8).

Fica também como curiosidade um novo medicamento, o Vonoprazan, um bloqueador de ácido competitivo do Potássio, que mostra já em alguns estudos algumas vantagens quanto aos inibidores usuais, como uma melhor acção em meio ácido e um tempo de acção mais longo(9).

Assim sendo, é importante ter algum critério e bom senso no uso de medicamentos como os inibidores das bomba de protões, já que os mesmos podem trazer a longo prazo algumas consequências, ficam aqui de alerta os riscos de um uso abusivo ou prolongado dos mesmos:

  • Tomas por períodos prolongados estão ainda associadas ao aumento da incidência de pneumonia e doenças associadas ao Clostridium difficile, mas também infeções por Salmonella sp. ou Campylobacter sp., devido à alteração do pH, que vão de encontro ao desequilíbrio do microbioma anteriormente falado;

  • Hipersecreção ácida, (Excesso de ácido a nível do estômago);

  • Risco aumentado de deficiência em vitamina B12;

  • Hipomagnesiémia (baixa de magnésio);

  • Osteoporose(10).


Medidas e Cuidados

Controlo do peso (excesso de peso leva a uma maior pressão abdominal e consequentemente à subida do ácido pelo esófago);

Maior número de refeições e menos quantidade, de modo a evitar uma refeição demasiado grande e evitar então a pressão abdominal);

Não fumar, pois o próprio tabaco vai condicionar o funcionamento da válvula entre o esófago e o estômago;

Evitar alimentos que condicionam o aparecimento dos sintomas como por exemplo: chocolate, hortelã, cebola, alho, gorduras, picante, citrinos, tomate, bebidas com gás ou cafeína;

Diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas, uma vez que diminui a capacidade digestiva, já que o álcool atrasa o esvaziamento do estômago;

Não se deitar logo após as refeições, para dar tempo à digestão;

Elevar a cabeceira da cama para impedir a subida dos ácidos do estômago(2).

Peça ajuda na sua Farmácia! O Farmacêutico é um profissional de saúde que presta informação sobre a doença do refluxo gastroesofágico, os sintomas e respetivo tratamento e, sobretudo, pode aconselhar sobre os cuidados que ajudam a melhorar esta situação.

Bibliografia

(1) "PMC - NCBI - NIH." 7 mar. 2014, https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3946549/. Data de acesso: 27 nov. 2018.

(2) "Refluxo gastroesofágico – Amargo de boca | Farmácias Portuguesas." https://www.farmaciasportuguesas.pt/menu-principal/bem-estar/refluxo-gastroesofagico-amargo-de-boca.html. Data de acesso: 26 nov. 2018.

(3)"Gastroesophageal reflux disease: MedlinePlus Medical Encyclopedia." 23 out. 2017, https://medlineplus.gov/ency/article/000265.htm. Data de acesso: 10 dez. 2018.

(4)"Global Prevalence of Helicobacter pylori Infection - Gastroenterology." https://www.gastrojournal.org/article/S0016-5085(17)35531-2/pdf. Data de acesso: 10 dez. 2018.

(5)"Dyspepsia and Gastro-Oesophageal Reflux Disease - NCBI - NIH." https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK328171/. Data de acesso: 12 dez. 2018.

(6)"Gastroesophageal Reflux Disease (GERD) - NCBI - NIH." 13 dez. 2005, https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK45607/. Data de acesso: 12 dez. 2018.

(7)"Microbioma and probiotics: from gut to Mars - SciELO." http://www.scielo.br/pdf/bjorl/v84n1/pt_1808-8694-bjorl-84-01-0001.pdf. Data de acesso: 12 dez. 2018.

(8)"Gut-Brain Psychology: Rethinking Psychology From ... - ResearchGate." 27 out. 2018, https://www.researchgate.net/publication/327582888_Gut-Brain_Psychology_Rethinking_Psychology_From_the_Microbiota-Gut-Brain_Axis. Data de acesso: 12 dez. 2018.

(9)"Update on the Use of Vonoprazan: A Competitive ... - Gastroenterology." 11 jan. 2018, https://www.gastrojournal.org/article/S0016-5085(18)30030-1/fulltext. Data de acesso: 12 dez. 2018.

(10)“ATUALIZAÇÃO SOBRE O USO RACIONAL DOS INIBIDORES DA BOMBA DE PROTÕES” https://www.anfonline.pt/SitePages/InternalPage.aspx?lt={13c7c938-7de3-4485-8439-61e83be32228}&it=862&sc=6

 
 
 

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